No livro O Poder do Habito- Porque fazemos o que fazemos na vida e nos negócios de Charles Duhigg encontramos:
Wolfram Schultz, um professor de Neurociência da Universidade de Cambridge, nos anos 1980 fez parte de um grupo de cientistas que estudou os cérebros de macacos conforme aprendiam a realizar certas tarefas, tais como puxar alavancas ou abrir trancas. Seu objetivo era descobrir quais partes do cérebro eram responsáveis por novas ações. Ele deu inicio a uma serie de experimentos para decifrar como as recompensas funcionam num nível neuroquímico. Ele estava interessado em macacos como Julio, um primata de 4 quilos do gênero Macaca com olhos amendoados, em cujo cerebro foi inserido um eletrodo muito fino que permitia que Schultz observasse a atividade neuronal enquanto ela ocorria.
Um dia, Schultz colocou Julio numa cadeira numa sala pouco iluminada e ligou um monitor de computador. A tarefa de Julio era encostar numa alavanca sempre que formas coloridas – pequenas espirais amarelas, rabiscos vermelhos, linhas azuis – apareciam na tela. Se Julio encostasse na alavanca quando uma forma aparecia, uma gota de suco de amora descia por um tubo pendurado no teto e caia nos lábios do macaco.
Julio gostava de suco de amora.
A principio, Julio tinha apenas um leve interesse pelo que estava acontecendo na tela. Passava a maior parte do tempo se contorcendo,tentando se libertar da cadeira. Mas assim que veio a primeira dose de suco, Julio ficou mais concentrado no monitor. Conforme o macaco começou a entender, através de dezenas de repetições, que as formas na tela eram uma deixa para uma rotina ( encostar na alavanca) que resultava numa recompensa( suco de amora), começou a olhar para a tela com a intensidade de um raio laser. Parou de se contorcer. Quando um rabisco amarelo aparecia, ele procurava a alavanca. Quando surgia uma linha azul, ele entrava em ação. E quando o suco chegava, Julio lambia os lábios, contente.
Enquanto monitorava a atividade dentro do cérebro de Julio, Schultz viu um padrão surgir. Sempre que Julio recebia a recompensa, sua atividade cerebral atingia um pico, de modo que sugeria que ele estava sentindo felicidade.
Schultz submeteu Julio diversas vezes ao mesmo experimento, registrando a reação neurológica a cada repetição. Sempre que Julio recebia seu suco, o padrão “Ganhei uma recompensa!” aparecia no computador ligado a sonda na cabeça do macaco. Aos poucos, de uma perspectiva neurológica, o comportamento de Julio tornou-se um habito.
Conforme o macaco ganhava mais pratica no comportamento – uma vez que o habito ficava mais forte – o cérebro de Julio começou a antecipar o suco de amora. As sondas de Schultz começaram a registrar o padrão “Ganhei uma recompensa!” no instante em que Julio via as formas na tela, antes de o suco chegar.
Em outras palavras, as formas no monitor tinham se tornado uma deixa não só para puxar a alavanca, mas também para uma reação de prazer dentro do cérebro do macaco. Julio começou a esperar a recompensa assim que via as espirais amarelas e os rabiscos vermelhos.
Então Schultz alterou o experimento. Antes, Julio tinha recebido suco assim que puxava a alavanca. Agora, às vezes o suco não vinha, mesmo se Julio agisse corretamente. Ou vinha após um pequeno atraso, Ou estava aguado, com apenas metade da quantidade de açúcar.
Quando o suco não vinha, ou vinha atrasado ou diluído, Julio ficava bravo e fazia ruídos de descontentamento, ou ficava tristonho. E dentro do cérebro de Julio, Schultz observou o surgimento de um novo padrão: o anseio. Quando Julio esperava o suco, mas não o recebia, um padrão neurológico associado a desejo e frustração surgia dentro de sua cabeça. Quando Julio via a deixa, começava a esperar uma alegria em forma de suco. Porem se o suco não chegava, essa alegria virava um anseio que, caso não fosse satisfeito, levava Julio à raiva ou à depressão.
Pesquisadores de outros laboratórios encontraram padrões semelhantes. Outros macacos foram treinados para esperar suco sempre que viam uma forma numa tela. Então, os pesquisadores tentavam distrai-los. Abriam a porta do laboratório, para que eles pudessem sair e brincar com os amigos. Punham comida num canto, para que os macacos pudessem comer se abandonassem o experimento.
Para aqueles macacos que não tinham desenvolvido um habito forte, as distrações funcionaram. Eles saiam das cadeiras, iam embora da sala e nunca olhavam para trás. Não tinham aprendido a ansiar pelo suco. No entanto, uma vez que um macaco desenvolvera um habito – uma vez que seu cérebro já antecipava a recompensa -, as distrações não tinham apelo. O animal ficava ali sentado, olhando para o monitor e puxando a alavanca inúmeras vezes, apesar da oferta de comida ou da oportunidade de sair. A antecipação e o senso de anseio eram tão avassaladores que os macacos ficavam colados às telas, assim como um jogador compulsivo continua no caça-níqueis muito tempo depois de ter perdido o que ganhou.
Isso explica porque os hábitos são tão poderosos: eles criam anseios neurológicos. Na maior parte das vezes, esses anseios surgem tão gradualmente que não estamos de fato cientes de que eles existem, e portanto muitas vezes não enxergamos sua influencia.
Conforme associamos as deixas a certas recompensas, surge em nossos cérebros um anseio inconsciente que coloca o loop do habito em movimento.
Um pesquisador da Cornell, por exemplo, descobriu o poder com que os anseios relacionados a comida e cheiros podem afetar o comportamento quando notou como as lojas da Cinnabon eram posicionadas dentro dos shoppings. A maioria dos vendedores de comida instala seus quiosques em praças de alimentação, mas a Cinnabon tenta instalar suas lojas longe de outras lojas de comida. Por que? Porque os executivos da Cinnabon querem que o cheiro dos pãezinhos de canela se espalhe por corredores e cantos sem interferencia, de modo que os compradores comecem a ansiar inconscientemente por um pãozinho. Quando um consumidor dobra uma esquina e vê a loja da Cinnabon, esse anseio é um monstro desenfreado dentro de sua cabeça e, sem pensar, ele procura a carteira. O loop do habito está em movimento porque um senso de anseio surgiu.
“ Não há nada programado em nossos cerebros que nos faça ver uma caixa de donuts e automaticamente querer algo doce”, Schultz me disse. ‘Mas uma vez que nosso cerebro aprende que uma caixa de donuts contem um açucar delicioso e outros carboidratos, ele começa a antecipar o efeito de açúcar. Nossos cérebros nos impulsionam em direção à caixa. Então, se não comemos o donut, vamos nos sentir decepcionados”.
Para entender esse processo, pense em como o habito de Julio surgiu.
Primeiro, ele via uma forma na tela – DEIXA.
Com o tempo, Julio aprendeu que a aparição da forma significava que era hora de executar uma rotina. Então ele puxava a alavanca – ROTINA.
Como resultado, Julio recebia uma gota de suco de amora – RECOMPENSA.
Isto é uma aprendizagem básica. O habito só surge assim que Julio começa a ansiar pelo suco quando ve a deixa. Como esse anseio existe, Julio age automaticamente. Ele segue o habito:
DEIXA –> ROTINA –> RECOMPENSA
É assim que novos hábitos são criados: juntando uma deixa, uma rotina e uma recompensa, e então cultivando um anseio que movimente o loop.
Pense no exemplo do cigarro, ou do e-mail, por exemplo. Quando um computador toca um sininho ou um smartphone vibra com uma nova mensagem, o cérebro começa a antecipar a distração momentânea que abrir um e-mail proporciona.
Hábitos especialmente fortes, geram reações semelhantes às de vícios, de modo que “o desejo evolui para um anseio obsessivo” que pode forçar nossos cérebros a entrar em piloto automático, “mesmo diante de fortes desincentivos, incluindo a perda de reputação, emprego, lar e família”.
No entanto, esses anseios não tem plena autoridade sobre nós. Há mecanismos que podem nos ajudar a ignorar as tentações. Mas para superar o habito, precisamos reconhecer que anseio está acionando o comportamento. Se não temos consciência do prazer antecipado, então somos como os compradores que, como se atraídos por uma força invisível, acabam entrando na Cinnabon.
Se você quer começar a correr toda manhã, é essencial que escolha uma deixa simples ( como sempre amarrar os cadarços dos tênis antes do café da manha, ou deixar suas roupas de corrida ao lado da cama) e uma recompensa clara ( como uma guloseima no meio do dia, um senso de realização ao registrar quantos quilômetros você correu, ou a dose de endorfina que uma corrida proporciona). Porem, os incontáveis estudos demonstraram que uma deixa e uma recompensa, por si sós, não são suficientes para que um novo habito dure. Só quando seu cérebro começar a nutrir uma expectativa pela recompensa – ansiar pelas endorfinas ou pelo senso de realização – é que o ato de amarrar os cadarços dos tênis de corrida toda manhã se tornará automático. A deixa, além de deflagrar uma rotina, também precisa deflagrar um anseio para que a recompensa venha.
São os anseios que impulsionam os hábitos. E descobrir como criar um anseio torna mais fácil criar um novo habito. Isso é tão verdade hoje quanto era quase um século atrás.
É mais fácil convencer alguém a adotar um novo comportamento se existe algo familiar no começo e no fim.
Regra de Ouro da mudança de habito: se voce usa a mesma deixa, e fornece a mesma recompensa, pode trocar a rotina e alterar o habito. Quase todo comportamento pode ser transformado se a deixa e a recompensa continuarem as mesmas.
A Regra de Ouro já influenciou tratamentos para alcoolismo, obesidade, transtornos obsessivo-compulsivos e centenas de outros comportamentos destrutivos, e entende-la pode ajudar qualquer pessoa a mudar seus próprios hábitos.
Em 2007 o neurologista alemão Ulf Mueller e seus colegas da Universidade de Magdeburg implantaram pequenos dispositivos elétricos dentro dos cérebros de cinco alcoólatras que tinham tentado largar a bebida varias vezes. Cada um dos alcoólatras do estudo passara pelo menos seis meses na reabilitação, sem sucesso. Um deles chegara a mais de sessenta desintoxicações.
Os dispositivos implantados nas cabeças dos homens foram posicionados dentro de seus gânglios basais – a mesma parte do cérebro em que os pesquisadores do MIT encontraram o loop do habito – e emitiam uma carga elétrica que interrompia a recompensa neurológica que deflagra anseios habituais. Depois que se recuperaram da operação, os homens foram expostos a deixas que costumavam deflagrar desejos alcoólicos, tais como fotos de cerveja ou idas a bares. Em circunstâncias normais, resistir a um drinque teria sido impossível para eles. Mas os dispositivos dentro de seus cérebros “anulavam” os anseios neurológicos de cada homem. Eles não tomavam nem uma gota.
“Um deles me disse que o anseio desaparecera assim que ligamos a eletricidade”, disse Mueller. “Então desligamos, e o anseio voltou imediatamente”.
Nosso cérebro pode ser influenciado através de frequências sejam de origem eletromagnéticas ou sutis / ELF.
Tais influencias induzem diferentes tipos de comportamento.
Muitas pesquisas secretas foram feitas pela CIA americana e outras “agencias de inteligência” no mundo com o objetivo de exercer controle mental sobre indivíduos ou grupos.
Um dos mais famosos foi o Projeto MK-Ultra conduzido pela CIA.
A propaganda/ publicidade é uma destas formas de programação mental.