A alquimia é um corpo de conhecimento trans disciplinar por excelência e foi relegada a um plano místico e sem interesse, devido aos avanços da ciência positivista e cartesiana, que trouxe inúmeros benefícios materiais à humanidade, mas a deixou um pouco mais longe da essência espiritual.
O caminho da alquimia era o da busca do entendimento da natureza, a busca da sabedoria e da compreensão dos grandes mistérios. O estudante de alquimia era um andarilho a percorrer as estradas da vida, alguém em busca de iluminação. Aqueles que chegaram à plenitude da “Magna Arte” foram sábios que compreenderam a simplicidade e a criatividade do vácuo fértil, do nada absoluto. Foram (e são) capazes de realizar coisas que a ciência e a tecnologia atuais jamais conseguirão, pois a alquimia está pautada na energia espiritual e não somente no materialismo, e a ciência há muito perdeu este caminho.
Os livros sobre alquimia, sempre escritos numa linguagem cifrada, cheia de códigos, revelam o temperamento do alquimista como um ser solitário, trancado num laboratório e alienado do mundo em que vive.
A linguagem cifrada existia porque o trabalho do alquimista envolvia a relação com diferentes níveis de realidade, alguns dos quais utilizando a linguagem dos símbolos, exatamente como o grande repositório de conteúdos no inconsciente pessoal e coletivo da humanidade.
Mas ao contrario do isolamento e da aura de mistério em se consideravam os alquimistas, estes eram sociais, com uma vida comum e cheia de vicissitudes como a de qualquer outro ser humano. Era quase impossível que um verdadeiro alquimista não tivesse uma ascensão econômica, cultural e social. A questão importante é que nesses tempos de transição planetária eles estão de volta, muitos deles como físicos quânticos, como avatares dos projetos ambientalmente corretos, como médicos holísticos, lideres integrais, psicólogos transpessoais e outras funções que visam transmutar o atual estado de degradação em que vivemos, almejando estabelecer bases para um novo estilo de vida da nova humanidade mais espiritualizada do terceiro milênio da era Cristã.
Por detrás do aparente trabalho pueril de converter chumbo em ouro, o alquimista visava fixar o processo de manifestação e de transformação da matéria e do espírito. Trabalhando com materiais densos e com matérias sutis, o grande alvo era acessar o que hoje se compreende como o campo morfo-genético, local em que fótons não são nem partículas e nem ondas, mas preexistem como “quanta”, na área das possibilidades e probabilidades. E, ao desvendar esse “código” de acesso, não sem antes se purificar e se desenvolver ao máximo, eles se tornavam co-criadores das realidades físicas do planeta. Mas até o século passado, ainda não era chegada a hora de eles avançarem na manifestação concreta dessas novas possibilidades. Era preciso aguardar um momento em que um numero crítico de seres humanos pudessem se beneficiar e corroborar num processo de transformação em larga escala.
Mas, se eles estão voltando, com a missão de continuarem mais fortemente a transmutação planetária, eles também agora estão imbuídos de ajudar outros seres humanos a trilharem o caminho alquímico de co-criação por excelência. A grande questão é que ninguém se torna alquimista senão por um duro trabalho de desenvolvimento de virtudes. Virtudes essas que o purificam para o trabalho de acesso ao grande campo morfo-genético, ligado aos mitos e símbolos do inconsciente coletivo, como já revelado pelo mestre Carl Jung.
Há uma correlação entre as virtudes do alquimista e as quatro inteligências ( QF – Inteligência física, QE – inteligência emocional, QI – inteligência mental e QS – inteligência espiritual ( os quatro pilares para a educação da UNESCO), bem como entre os elementos básicos constitutivos de tudo no Universo (terra, fogo, água e ar).
É importante frisar que o caminho de desenvolvimento do alquimista é um caminho que desenvolve o homem integral, que permite a conexão das inteligências num todo harmônico e habilita a ascensão ética do seu praticante. A transformação interior sempre foi colocada pelos antigos alquimistas como pré condição para se alcançar a purificação necessária às transmutações energéticas e físicas.
O homem, enquanto ser, pacientemente foi “construído” pela natureza, e pela Inteligência a ela subjacente, ao longo de quase 15 bilhões de anos!
Aquele que quiser ser, mas ser profundamente em toda a plenitude e esplendor do espírito deverá, como o alquimista, aprender a esperar humildemente e pacientemente. Como já dito antes, não o esperar de braços cruzados, mas o esperar de quem se constrói a si próprio, de quem constrói o que se é potencialmente.
Vale a máxima de São Bento encampada pelos alquimistas: ora et labora (reza e trabalha) para se aprender a ser.
Certamente outros caminhos de evolução são possíveis. A beleza do caminho alquímico está, além das belas virtudes que ele desenvolve, na capacidade criativa e na grande contribuição de transformação (transmutação) que ele propicia.
E você? Já sabe o seu caminho? Está disposto a ser um co-criador de uma nova humanidade?